Os praticantes dessa filosofia de vida acreditam que o corpo material é fonte de grandes males, e nele está ausente a divindade. Por esta razão ele deve ser desprezado e excluído de nossas metas elevadas. Tudo que está relacionado a ele, como as impressões despertadas por estímulos internos ou externos, os impulsos naturais, as paixões, as delícias da carne, bem como qualquer tipo de prazer, deve ser igualmente desconsiderado e renegado, pois assim torna-se possível conquistar o saber.
Os ascetas pregam o autocontrole, o comedimento diante dos deleites e das sensações despertadas pelas distrações proporcionadas pela vida material. Os que atingem o exercício da austeridade se consideram praticantes das virtudes da alma e alimentam o propósito de conquistar uma condição espiritual mais elevada.
Eles crêem poder domar o corpo através da autoflagelação, dos ritos e de um rigoroso desprendimento das emoções prazerosas. Para estas pessoas o corpo puro leva naturalmente à expiação do espírito. E assim torna-se mais fácil para elas atingir o entendimento do sagrado, alçar-se a esferas espirituais superiores, receber favores de Deus ou conquistar a paz íntima. Não é só à sexualidade que elas renunciam, mas também a qualquer aquisição de propriedades materiais ou bens de consumo.
Apesar de ser uma filosofia limitante, seus adeptos afirmam que seu exercício confere ao praticante um alto grau de independência em todas as esferas de sua existência, como, por exemplo, o desenvolvimento de suas faculdades e a conseqüente capacidade de pensar com nitidez transparente e de lutar contra possíveis ímpetos de destruição. Para essas pessoas a dor é força motriz que possibilita a liberdade espiritual.
Quando ouvimos falar em ascetismo, pensamos imediatamente em religiosos levando uma vida austera no interior de mosteiros, em praticantes da yoga ou em padres. Mas esquecemos que qualquer pessoa está apta a seguir este caminho. Alguns espiritualistas assim o fizeram, tais como Lao Zi, Mahavir Swami, Gautama Buddha, Santo Antonio, Francisco de Assis, Mahatma Gandhi e David Augustine Baker.
Alguns desses homens abandonaram familiares, propriedades e residências próprias para se tornarem praticamente mendigos. E foram considerados seres de intensa condição espiritual e até mesmo iluminados. Os cristãos primitivos também praticaram essa filosofia, especialmente os ermitões ou anacoretas.
Porém nem todo asceta tinha como objetivo atingir um patamar espiritual mais elevado. No mundo antigo, principalmente em Esparta, os jovens que desejavam integrar a elite dos combatentes eram testados em contextos de profunda exaustão, dores orgânicas e outros sacrifícios para estarem aptos a guerrear. No caso de atletas gregos, na mesma época eram provados em relação ao autodomínio do corpo físico.
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